Ser dobrado pelos sinos

O tema do ruído não chega amiúde aos orgãos de comunicação. E quando chega é normalmente através de uma perspectiva desinteressante e mal informada.
Os sinos das igrejas são um problema recorrente (1). Os sinos constituem aliás um tema que ultrapassa (2) a questão ambiental —e talvez por isso o transforme num problema recorrente— e envolve disputas de poder com contornos bem mais profundos. Enquanto o problema do ruído se resumir à questão dos “decibéis (quando é que raio as pessoas entendem que esta palavra não existe?! Vejam aqui e aqui...) os prevaricadores estarão sempre defendidos.
É o caso relatado neste artigo do Público que foi retomado numa interessante crónica chamada “Música Electrónica” do Miguel Esteves Cardoso no mesmo jornal.
Enquanto o cónego Aparício “aguarda uma peritagem” e o presidente da Câmara de Beja “dá conhecimento à Igreja do mal-estar” que os sinos provocam, as vítimas vão dobrando com os nervos esfrangalhados. 


(1) Aqui há tempos escrevi algo sobre uma variante deste problema, assente quiçá no conceito das “novas tecnologias”: os chamados “sinos electrónicos”.
(2) Um estudo clássico sobre os sinos é este Les Cloches de la Terre de Alain Corbin, traduzido em inglês com o título Village Bells.


Foto de Rui Simão a quem agradeço.

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