Reforma e paradiddles
Acabo de ver a actuação da Freedom Band de Chick Corea, no “Jazz à Marciac 2010”. A banda inclui Kenny Garrett, Christian McBride e Roy Haynes.
Que dizer desta música e destes músicos...? Tudo isso está de tal maneira para além de quaisquer palavras que me limito a destacar, por razões que esclareço adiante, o baterista Roy Haynes.
Pena este extracto do Youtube, que indico aí em baixo, não conter a dança final que Roy Haynes executa perante os colegas incrédulos e um público em perfeito delírio, mas ficam, pelo menos, com uma ideia da aura absolutamente esplendorosa deste Roy Haynes, a vender energia e a “estragar” a noite aos seus colegas, dois deles bem mais novos.
Ver este homem, com 85 anos na altura em que escrevo, a tocar assim deveria fazer parte de qualquer programa de recuperação da crise económica. Seria, por exemplo, inspirador passar esse seu solo neste concerto nos ecrãs das repartições da Segurança Social. A ideia de reforma —sobretudo, antecipada— parece-me tão ignóbil que, para a combater, este solo deveria, na minha opinião, constituir visionamento obrigatório para todos aqueles que pretendessem requerer esse estatuto.
Propunha aliás a seguinte tabela para candidatos a reformado:
1- Salários abaixo do salário mínimo, uma semana de visionamento ininterrupto, com refeições incluídas.
2- Salários entre o salário mínimo e os 3 000 euros, visionamento seguido durante seis meses. Refeições por conta do requerente
3- Salários ou rendimentos acima dos 3 000 euros, visionamento permanente, sem dormir nem comer, durante 5 anos. Em alternativa, compra de uma bateria e lições obrigatórias, 16 horas por dia. Constitui, para além do mais, um óptimo exercício físico...
4- Se a reforma for antecipada não há prazos. O visionamento seria então obrigatório até ao dia de requerer a certidão de óbito...
Reforma garantida, sim, mas com paradiddles obrigatórios...
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