Há vida para além do PEC

A música não vai salvar o mundo, mas pode ajudar. O projecto da Orquestra Geração é uma iniciativa da Fundação Gulbenkian e da Câmara da Amadora, apoiado na Escola de Música do Conservatório Nacional e na Fundação EDP. Já conta, creio, dois anos. A inspiração vem do conhecido Sistema Nacional de Orquestras Juvenis e Infantis venezuelano, fundado por José António Abreu.
É justo dizer que no domínio da aplicação dos princípios da inclusão social e da aprendizagem do trabalho cooperativo através da música, as bandas filarmónicas, em particular -- de uma forma, por vezes, voluntarista e sempre totalmente desapoiada-- e as escolas Menuhin, vêm de há muito dando um contributo decisivo nesta matéria. Mas, estas Orquestras Geração constituem um caso de sucesso, hoje e aqui, que contém lições que ultrapassam em muito o domínio das artes.
Se o País quisesse mesmo perceber o que tem de fazer para conseguir ir além do sacrossanto PEC -- que lá ficou naturalmente aquém do que se esperava e do que seria necesssário -- bastaria atentar nos princípios e nos resultdos destas Orquestras Geração. Está lá tudo para quem quiser entender. Tudo!
Eu aconselharia os governantes (incluíndo a pianista Gabriela Canavilhas), os opinadores, políticos e para-políticos paralíticos deste país a atentarem melhor nestes exemplos que estão mesmo debaixo dos nossos narizes e a inspirarem-se neles para fazer qualquer coisa de verdadeiramente útil pelo país.
Portugal entendido como uma orquestra de gerações para combater a exclusão social, valorizar o contributo de todos e de cada um e responsabilizá-o por isso, ensinar as virtudes do trabalho cooperativo e a necessidade de regras colectivas para atingir um fim maior?
Dá trabalho, exige criatividade e paciência, mas vão lá ouvir estes miúdos que eles ensinam-lhes como é...

PS: Uma magnífica reportagem sobre este projecto, de autoria de José Carlos Barreto e José Félix Pereira, foi para o ar na TSF. Pode ser ouvida aqui e vista aqui. A não perder!




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